Veja o que pode mudar com o Projeto Antifacção, aprovado pela Câmara

  • 19/11/2025
(Foto: Reprodução)
Câmara dos Deputados aprova Projeto Antifacção para combate ao crime organizado A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (18), por 370 votos a 110, o chamado Projeto Antifacção, que cria um novo marco legal para o enfrentamento de organizações criminosas. O projeto foi enviado pelo governo federal em outubro. A relatoria ficou com o deputado Guilherme Derrite (Progressistas-SP), secretário licenciado de Segurança Pública de São Paulo, escolha que gerou incômodo no Planalto. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi quem atribuiu a função ao deputado. A tramitação foi marcada por tensão entre governo e oposição. Lideranças governistas criticaram mudanças propostas por Derrite, enquanto opositores cobraram endurecimento maior do texto. Entre os principais pontos de atrito, Derrite chegou a propor que o combate ao crime organizado fosse uma atribuição das polícias civis e governos estaduais. O que, na prática, enfraqueceria a atuação da Polícia Federal. Ele voltou atrás, após ser pressionado. Outro impasse foi a possibilidade de equiparar facções criminosas ao terrorismo, que também ficou de fora do texto. O projeto aprovado pela Câmara aumenta penas, cria novos crimes, amplia mecanismos de investigação e estabelece regras especiais para líderes de facções. O projeto ainda passar pelo Senado e pela sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes de virar lei. Confira os principais pontos: 🔎 O que diz o projeto O texto trata de “organizações criminosas, paramilitares ou milícias privadas” que atuem com violência ou grave ameaça. O relator introduziu ainda o conceito de “organização criminosa ultraviolenta”, que concentra as punições mais duras. O governo, porém, criticou a ausência da expressão “facções criminosas” na redação final e afirmou que buscará a votação para a inclusão deste trecho separadamente. Entre os pilares, está o aumento de pena em crimes praticados por essas organizações, que poderá chegar a 40 anos. SIM 370 x 110 NÃO: como votaram partidos e deputados Aumento de penas e novos tipos penais O texto prevê: ▶️penas de 20 a 40 anos para ações de facções ultraviolentas; ▶️novos crimes, como novo cangaço, domínio territorial, uso de explosivos, armas pesadas, drones e ataques contra infraestrutura essencial; ▶️agravante para crimes ligados a garimpo ilegal. A proposta também dificulta a progressão de regime para membros dessas organizações. ➕O projeto original do governo já previa o aumento de penas. O relator propôs incluir a criação de novos crimes, com penas mais altas do que o previsto pelo governo. Regras mais rígidas para progressão de pena A progressão poderá exigir 70%, 75%, 80% ou até 85% do cumprimento da pena, dependendo da gravidade e da reincidência. Hoje, em crimes hediondos, o percentual costuma ser menor. ➕Esta foi uma sugestão do relator, e o governo não propôs mudanças. Direito ao voto Durante a fase de discussão no plenário, os deputados aprovaram a inclusão de um trecho que proíbe que presos — condenados definitivamente ou provisórios — votem em eleições. Foram 349 votos favoráveis ao impedimento e 40 contrários. Atualmente, a legislação eleitoral impede o voto apenas aos condenados com sentença transitada em julgado (quando não cabe mais recurso). Presídio federal obrigatório para lideranças O texto determina que chefes de organizações criminosas cumpram pena em presídios federais de segurança máxima, com o objetivo de interromper comunicações ilícitas e reduzir o poder de comando dentro do sistema prisional. ➕Esta foi uma sugestão do relator, e o governo não propôs mudanças. Novos instrumentos de investigação O projeto prevê: ▶️monitoramento audiovisual de parlatórios, inclusive em contato com advogados em hipóteses excepcionais e sob ordem judicial; ▶️ampliação de buscas, quebras de sigilo, operações encobertas; ▶️audiências e atos processuais por videoconferência. ➕Neste ponto, a inclusão do monitoramento dos presos e a ampliação de buscas e quebras de sigilo, por exemplo, são medidas que estavam previstas no texto original, que veio do Executivo. A questão das audiências por videoconferência foi uma sugestão do relator. ➕O governo também tinha sugerido mecanismos para colaboração premiada com membros de organizações criminosas prevendo, inclusive, que o suspeito pudesse colaborar como um infiltrado para ajudar na investigação. Este trecho foi retirado pelo relator. ➕O governo também sugeria mecanismos para proteger policiais infiltrados em investigações, como criação de novas identidades e sigilo desses dados por determinado período. O relator manteve a possibilidade de os policiais trabalharem como infiltrados nas organizações criminosas, mas tirou todas as regras de proteção. Nesse âmbito, Derrite também chegou a propor mudanças nas atribuições da Polícia Federal, em duas versões da proposta. ➕Mas, voltou atrás e o texto final não propôs mudanças na atuação da PF no combate ao crime organizado, nem na Lei Antiterrorismo — pontos que eram alvo de críticas do governo quando constavam em versões anteriores. Regras de confisco e alienação de bens O projeto cria mecanismos mais duros para atacar o patrimônio das facções, como: ▶️bloqueio imediato de contas, bens e criptoativos; ▶️alienação antecipada ainda na fase da investigação; ▶️possibilidade de intervenção judicial em empresas usadas por organizações criminosas. ➕Esse é um dos pontos que geraram maior atrito entre governo e relator. A destinação de bens das organizações criminosas para a PF era uma demanda do governo, que acabou atendida por Derrite na última versão do relatório. ➕Na versão anterior do texto, os recursos eram destinados integralmente aos Estados e ao Distrito Federal. ➡️O projeto aprovado prevê que, quando o crime estiver sendo investigado pela PF, a destinação dos bens apreendidos vai para o Fundo Nacional de Segurança. ➡️O parlamentar também incluiu no substitutivo que os bens apreendidos serão destinados a favor do ente onde tramita a ação penal que apura os crimes. Entenda as principais divergências: Governo vê risco de 'descapitalização' da PF Mesmo com negociações, líderes da base afirmam que o texto ainda reduz recursos da Polícia Federal e da União, especialmente na divisão dos valores confiscados de facções. Segundo integrantes da articulação, Derrite reforçou o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), mas manteve a regra de rateio quando houver operações conjuntas entre PF e forças estaduais — o que, para o governo, pode tirar recursos de fundos federais como o Funad (Fundo Nacional Antidrogas). Para tentar reverter o cenário, o PT apresentou um destaque que buscava retomar a redação original do governo. Mas esse destaque foi rejeitado. Tentativa de equiparação ao terrorismo foi barrada A oposição tentou, na votação em plenário, incluir um destaque para equiparar facções criminosas ao terrorismo. O presidente Hugo Motta, que sempre se posicionou contra essa equiparação, barrou o pedido. O governo também era contrário. Para o Planalto, a mudança poderia abrir brecha para interferência externa em políticas de segurança pública. Preservação da estrutura da PF Outro ponto de atrito era a proposta inicial de Derrite que mexia nas atribuições da Polícia Federal. A PF temia perder autonomia. O relator recuou e a versão aprovada não altera essas competências. Câmara dos Deputados durante votação do PL Antifacção Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/11/19/veja-o-que-pode-mudar-com-o-projeto-antifaccao-aprovado-pela-camara.ghtml


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